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Só os patrões ganham com a terceirização

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Renato Almeida, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região

Quando o Supremo Tribunal Federal (STF) confirmou a liberação da terceirização irrestrita no país, no dia 30 de agosto, os juízes deram um golpe mortal nos direitos trabalhistas. Essa medida abriu as portas para que os patrões substituíssem trabalhadores diretos por terceirizados, pagando salários menores e aplicando menos direitos.

Agora, qualquer atividade dentro de uma empresa pode ser terceirizada: a produção de automóveis em uma montadora, o atendimento aos clientes em um comércio, o serviço emergencial em um hospital.

Temos um exemplo recente nos aeroportos de Guarulhos e do Galeão (Rio de Janeiro). A companhia aérea Latam demitiu no mês passado 1.200 trabalhadores diretos para trocá-los por terceirizados. Alguém tem dúvidas de que os novos contratados terão salários e direitos inferiores?

Segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), os terceirizados recebem salários 24% menores aos recebidos pelos diretos. Mas nem por isso trabalham menos: a jornada semanal é de, em média, três horas a mais.

E a lista continua: segundo o Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos (Ilaese), a cada dez acidentes de trabalho, oito têm terceirizados como vítimas. São trabalhadores submetidos a condições precárias e, na maioria das vezes, sem sindicato que de fato os represente.

Todos esses dados são de conhecimento público, mas não foram considerados pelos ministros do STF (os mesmos que se presentearam com salários de R$ 39 mil). A realidade dos trabalhadores foi simplesmente desprezada na hora da votação. Ficaram valendo, mais uma vez, somente os interesses dos patrões.

 

Fonte: sindmetalsjc.org.br

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