Presidente da Federasul defende Bolsonaro por ‘estabilidade’ e quer extinção do salário mínimo regional
O empresariado gaúcho tem o seu candidato à presidência. Jair Bolsonaro (PSL) é o nome que representa a “classe produtiva”, termo empregado pela presidente da Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite, para definir seus pares. Ela é clara ao definir a candidatura do capitão da reserva como aquela que mais se alinha ao perfil que os empresários acreditam ser o adequado para trazer estabilidade para o País, o que não vê acontecendo em caso de vitória do seu adversário, Fernando Haddad (PT), o qual classifica como tendo um “viés socialista”.
Na última quarta-feira (19), o Sul21 conversou brevemente com Simone após o encerramento do debate promovido pela Federasul entre os candidatos a governador do Estado, José Ivo Sartori (MDB) e Eduardo Leite (PSDB). O objetivo do papo era saber como ela e o conjunto do empresariado que compuserem a audiência do evento estavam observando o ciclo eleitoral atual.
No início do debate, Simone comemorou o fato de esta, na opinião dela, ser a primeira campanha eleitoral em que o empresariado poderia escolher entre duas propostas, e não entre lados. O que há de diferente neste ciclo eleitoral? É a primeira vez desde 1994 que o PT não participa do segundo turno da disputa pelo Palácio Piratini. Já na hora das perguntas, ela sinalizou qual é uma das medidas mais esperadas a ser tomada pelo futuro governador: o fim do salário mínimo regional. Criado em 2000, o piso regional é de R$ 1.196,47 no RS, dividido em cinco faixas por categorias profissionais, sendo a mais alta de R$ 1.516,26. O salário mínimo nacional está atualmente em R$ 954.
Confira os principais momentos da entrevista.
Bolsonaro x Haddad
São estilos completamente diferentes. O que a gente percebe? Existe por trás desse projeto do Haddad uma grande liderança, que é o ex-presidente Lula, que hoje está preso em Curitiba. Então, a gente traz com esse projeto toda uma insegurança, uma instabilidade a partir de um processo de corrupção que ficou arraigado no nosso País.
O que se apresenta a partir desse projeto do Jair Bolsonaro é justamente uma sustentabilidade, basta ver as questões econômicas. A partir da consolidação dele nas pesquisas, o dólar baixa, a bolsa sobe, os investimentos acontecem. Isso que nós buscamos, estabilidade a partir da figura de grande líder que é o Bolsonaro. E também a gente vê a questão socialista que tem o viés da candidatura do Haddad, diferente daquilo que a gente entende como sendo algo mais propositivo, mais liberal no âmbito da economia e da geração de riqueza para nós, que somos da classe produtiva. Acredito que são esses dois pontos, a questão liberal e a questão mais socialista, se assim pode-se dizer.
Fim do 13º?
Eu avalio que é uma conquista o 13º salário, o que nós temos que criar é justamente um ambiente empreendedor para que o empresário possa pagar o 13º salário para o trabalhador. Isso não está nem em discussão na classe produtiva. O que houve na fala do Mourão era justamente ele dizendo que era uma jabuticaba porque só existe no Brasil, mas em nenhum momento nós ouvimos nas falas, e até houve o contraponto do próprio candidato à presidência, Jair Bolsonaro, de que não há nenhuma intenção em extinguir o 13º salário. Isso não está em discussão na sociedade, é um direito, uma conquista do trabalhador, e entendemos que é um benefício inclusive para a economia. O que precisamos é gerar um ambiente propício para que tenhamos condições de pagar esse 13º.
Expectativa para o próximo governador
Tanto à nível nacional, quando à nível estadual, o que a classe produtiva, os trabalhadores, empreendedores, essa classe que gera riqueza espera é que haja um ambiente menos hostil para quem empreende. A gente vive hoje no Brasil uma grande dificuldade, uma insegurança, uma instabilidade. E é esse clima que a gente pretende que fique amenizado a partir da eleição. A nível estadual, a gente tem a possibilidade real de fazer uma escolha, os dois candidatos não são opostos, mas têm projetos definidos para o futuro do Rio Grande do Sul. Para nós, da classe produtiva, é importante desburocratizar, é importante reduzirmos a carga tributária, é importante que nós tenhamos segurança jurídica para empreender, um ambiente que seja mais acolhedor para quem coloca toda o seu patrimônio em risco na condição de empreendedor.
Piso Regional
Para nós, um ponto importante é o piso regional. A gente tem uma grande expectativa de retomada da economia, mas, no ambiente em que nós estamos, não podemos onerar mais o empreendedor. O piso regional foi importante no momento em que tinha uma grande disparidade com relação ao salário mínimo nacional. Hoje, nós entendemos que o salário mínimo pode sim balizar os trabalhadores do Rio de Janeiro, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, sem que haja uma perda de competitividade para quem paga o salário e que se reponha também a condição de consumo para quem recebe o salário. Então, é um trabalho conjunto.
Sem divisões
Uma das coisas que a gente busca a nível nacional é que não haja essa divisão entre empresário e trabalhador, entre brancos e negros, ricos e pobres, que esse o momento possa trazer serenidade para que o Brasil volte a crescer, desenvolver, e que a gente tenha mais qualidade de vida. Para nós, o principal programa social, de fato, é o emprego. Tem que dar dignidade para o trabalhador poder ter mais qualidade de vida.
Fonte: Sul21.com.br