Parecer de Escola Sem Partido mantém censura e destruição da escola pública
O projeto de educação pública, laica e de qualidade sofre mais um ataque. A censura aos educadores em assuntos como política, gênero e orientação sexual está mantida no parecer apresentado, no último dia 8, na Comissão Especial que analisa o Projeto de Lei 7180/14, da “Escola Sem Partido”, por seu relator, o deputado Flavinho (PSC-SP).
O parecer é favorável ao projeto, que altera a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação). Desta forma, reitera a diretriz que pretende evitar que professores manifestem algum posicionamento político em sala de aula. Defende também que a educação sexual, moral e religiosa deve ficar a cargo da família e não das instituições de ensino.
O projeto prevê ainda que cada sala de aula terá um cartaz com seis deveres do professor para lembrar os docentes dessas restrições temáticas, entre elas está “não estimular os alunos a participarem de manifestações políticas”.
Em resumo, o nome ” escola sem partido”, na verdade, é uma manobra dos setores conservadores para tentar ganhar o apoio da população, mas o que eles querem na verdade é a “escola do partido único”, do partido dos poderosos de sempre, para impor uma mordaça em professores e alunos e impedir o pensamento crítico e o debate democráticos nas escolas.
Após receber o relatório, a comissão especial responsável por analisar o tema tem prazo de cinco sessões pra discuti-lo, só então ocorrerá a votação na Câmara dos Deputados. Em caso de aprovação da lei, a entrada em vigor acontece depois de dois anos.
Manter mobilizações na Educação
A CSP-Conlutas integra com diversas entidades a Frente Escola Sem Mordaça, que defende uma educação de qualidade, livre, democrática, laica e sem censura.
Para a professora Joaninha Oliveira, dirigente da SEN (Secretaria Executiva Nacional) da CSP-Conlutas, além de impor a censura à educação, o que já é crime por si só, esse projeto vai além. “O projeto Escola Sem Partido, além de impor brutal censura à educação de qualidade no país, visa quebrar a organização e a luta dos profissionais da educação com suas restrições”, ressalta.
“A manutenção dessas mobilizações e organização de novas lutas são fundamentais para impedirmos a aprovação de tal projeto, que é um ataque à educação pública, democrática, laica e de qualidade no país”, reforça Joaninha, citando também as greves que aconteceram em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e outros estados e que acontece em Recife (PE).
3° ENE acontece em agosto
Diversas entidades sindicais nacionais e movimentos estudantis que compõem a Coordenação Nacional de Entidades Em Defesa da Educação Pública e Gratuita (Conedep) realizarão, nos dias 3, 4 e 5 de agosto, o 3° Encontro Nacional da Educação que terá entre os debates a resistência ao PL da Escola Sem Partido.
Entre outros temas, também serão debatidos o Capitalismo e Educação, a Luta pela Educação Pública no Brasil, as lutas e experiências de Educação Popular no Brasil e serão realizados grupos de trabalho sobre tais temas para votação de um projeto classista e democrático de educação.