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Número de deslocados e refugiados no mundo é maior que no pós 2ª Guerra

No Dia Mundial do Refugiado, a ONU revelou números assustadores de pessoas forçadas a se deslocar pelo mundo por conflitos, perseguição, violações de direitos humanos ou violência de forma geral. Os dados apontam que a quantidade superou a população da Itália ou mesmo a do Reino Unido.

Cerca de 1% da população mundial, ou 65,3 milhões de pessoas – o que significa que uma em cada 113 habitantes do planeta está em situação de deslocamento forçado, pedindo asilo ou em situação de refúgio. São quase 6 milhões de pessoas a mais do que no ano anterior. Os dados fazem parte de um relatório da agência da ONU para refugiados, a Acnur (Alto Comissariado da ONU para Refugiados) e são do fim do ano passado, o que significa que os números podem ser ainda maiores.

 

Segundo a CNN, o relatório sugere três razões principais para o aumento da taxa de deslocamentos forçados:

  • Situações de longo prazo, como o conflito no Afeganistão, que causam grandes fluxos de refugiados, são mais duradouros;
  • Situações dramáticas novas ou que foram retomadas, como o conflito na Síria ou o do Sudão do Sul, estão ocorrendo com maior frequência;
  • O ritmo com que estão sendo encontradas soluções para refugiados e deslocados internos está em queda desde o fim da Guerra Fria.

O Acnur publicou na sua conta oficial no Twitter outros dados sobre o estudo. Segundo o levantamento, a cada minuto 24 pessoas são deslocadas de suas casas ou da região em que vivem em função de conflitos. Um dos dados mais chocantes tem a ver com os pequenos: são cerca de 100 mil refugiados órfãos. “Nunca vimos tantas crianças refugiadas desacompanhadas”, apontou a entidade, que recebeu 98,4 mil pedidos de asilo de crianças desacompanhadas ou separadas dos pais, principalmente afegãs, eritreias, sírias e somalis. Crianças e adolescentes (até 18 anos) são 51% da população mundial de refugiados, bem mais que os 41% de 2009.

A guerra civil na Síria, que se estende desde 2011 envolvendo vários lados, já provocou o deslocamento forçado de cerca de 5 milhões de sírios que deixaram o país – a maioria rumo a nações vizinhas. O número de deslocamentos internos ultrapassa 7 milhões de pessoas. O movimento tem causado a maior crise humanitária mundial dos últimos 70 anos. De acordo com dados da Organização Internacional para a Migração, ao menos 3,4 mil refugiados – muitos deles sírios – morreram afogados no ano passado ao tentar chegar à Europa em arriscadas travessias pelo mar Mediterrâneo.

Como forma de aplacar os efeitos da crise, a Acnur lançou a campanha #WithRefugees (“Com refugiados”, em tradução livre), por meio da qual está reunindo assinaturas e contribuições em uma petição que deverá ser entregue à ONU durante a reunião anual da Assembleia Geral, em setembro. A campanha pede aos governos atuação em três frentes: (1) garantir educação para cada criança refugiada, (2) conseguir um “lugar seguro para viver” para as famílias e (3) que todos os refugiados possam trabalhar ou aprender novas habilidades para contribuir de forma positiva para a comunidade.

 

Alguns dados do relatório da ONU que merecem destaque:

  • Se formassem um país, os refugiados ou deslocados seriam a 21ª maior nação do mundo, na frente do Reino Unido, cuja população é de cerca de 64,1 milhão de pessoas.
  • Mais da metade dos refugiados vem de apenas três países: Síria (4,9 milhões), Afeganistão (2,7 milhões) e Somália (1,1 milhão). Juntos, sírios, afegãos e somalis somam 54% de todos os refugiados.
  • Dos 65,3 milhões de pessoas, 21,3 milhões são refugiados, 40,8 milhões são deslocados internos (que saíram de uma região do país para outra, sem cruzar fronteiras) e 3,2 milhões estão em processo de pedido de asilo em outras nações.
  • Apenas 200 mil refugiados voltaram para casa em 2015, principalmente para o Afeganistão, Somália e República Centro-Africana. Por outro lado, 107,1 mil se assentaram em outros países, com destaque para os EUA, que receberam o maior número: 66,5 mil.
  • A Turquia é o país que mais recebeu refugiados no ano passado – foram 2,5 milhões de pessoas. Foi o segundo ano consecutivo de liderança da Turquia nesse quesito. Paquistão (1,6 milhão), Líbano (1,1 milhão), Irã (979 mil) e Etiópia (736 mil) são alguns dos outros países.
  • Além de aparecer no terceiro lugar em número de refugiados, o Líbano é o país com a maior incidência relativa de pessoas nessas condições em sua população, com 183 refugiados a cada mil habitantes. A Jordânia vem em seguida, com 87/1000.

No Brasil. Em meio à discussão sobre refugiados, o governo do presidente interino Michel Temer suspendeu as negociações que vinha mantendo com a União Europeia para receber famílias desalojados pela guerra na Síria. A conversa entre o Brasil e a UE começou na gestão do ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão. Segundo o acordo, Brasília buscava obter recursos internacionais para alojar cerca de 100 mil pessoas que fugiram do conflito. O diálogo começou com a Alemanha, que no ano passado recebeu 1 milhão de refugiados, um terço deles provenientes da Síria.

Segundo a BBC Brasil, citando fontes próximas ao governo, a suspensão do diálogo, ordenada pelo novo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, ocorre na esteira de uma postura mais restritiva da administração com relação à recepção de estrangeiros e à segurança das fronteiras. Em 2013, o governo passou a facilitar o ingresso de sírios ao permitir o uso de um visto especial, também oferecido aos haitianos, para viajar ao país. Desde então, cerca de 2 mil chegaram ao país. O Acnur considerava a iniciativa exemplar.

 

Com informações da ONDDA, plataforma para publicação de textos sobre causas sociais, e da grande imprensa.
Foto: periodistadigital.com
Fonte: site CSP Conlutas

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