No 10° dia, greve dos trabalhadores dos Correios segue forte pelo país e TST volta mediar negociação
As tentativas do governo Bolsonaro e da direção dos Correios para derrotar a luta dos trabalhadores e avançar na privatização da estatal são muitas. Entretanto, a cada uma delas a mobilização se fortalece e amplia. A greve nacional da categoria completou 10 dias nesta quinta-feira (27). A paralisação que mobiliza cerca de 70 mil funcionários segue muito forte e marcada por várias mobilizações, piquetes e atos públicos em todo o país.
Na noite desta quarta-feira (26), funcionários dos Correios do interior de São Paulo ocuparam o maior Centro de Operações de Encomendas dos Correios no estado, em Indaiatuba (SP). Mais de uma centena de ecetistas entraram no Centro e bloquearam a saída de caminhões que levam cargas para abastecer os centros de encomendas do país.
Hoje, o pátio amanheceu lotado de caminhões parados. A mobilização conta com a participação dos trabalhadores da capital São Paulo e várias regiões do interior.
Passeatas e outras manifestações também ocorrem em várias regiões, recebendo, inclusive, muita solidariedade e apoio de outras categorias.
Nesta quinta, os trabalhadores realizam uma campanha nacional de doação de sangue na Santa Casa e em hospitais regionais. Às 17 horas, as 11 centrais sindicais brasileiras, movimentos sociais e parlamentares realizarão um Ato Virtual em apoio à greve dos trabalhadores/as nos Correios.
Na sexta-feira, haverá nova carreata em SP, com concentração em frente ao Pacaembu.
Cresce ainda o apoio da população que está consciente do brutal ataque que os Correios estão tentando impor aos funcionários dos Correios, retirando 70 das 79 cláusulas do Acordo Coletivo da categoria, sem contar o descaso com a vida destes trabalhadores em meio à pandemia.
Mediação no TST
Na terça-feira, os Correios entraram com pedido de dissídio coletivo no TST (Tribunal Superior do Trabalho), em que pedem que o Tribunal reconheça a abusividade da greve ou exija a garantia de contingente mínimo de 90% do efetivo. O dissídio foi ajuizado após a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que atendeu o pedido dos Correios e reduziu o prazo de validade do ACT da categoria para um ano.
A representação da empresa foi distribuída para o atual vice-presidente do TST, ministro Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, que chamou as partes para a conciliação na tarde desta quarta-feira (26). Apesar de reconhecer que em meio à pandemia, os Correios já registraram mais de R$ 600 milhões de lucro, a direção da empresa segue intransigente e insiste em praticamente acabar com o Acordo Coletivo da categoria.
Nesta quinta, às 16 horas, tem nova mediação. Se não houve acordo, o Tribunal irá julgar e decidir sobre o dissídio.
Para o dirigente da Fentect e integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Geraldinho Rodrigues, é hora de ampliar e fortalecer ainda mais a mobilização.
“A direção dos Correios e o governo sentiram a força da greve, pois o movimento está mostrando a forte disposição de luta e força do trabalhador ecetista em lutar por seus direitos, vidas e empregos. Mas a empresa quer acabar com a greve e impor uma brutal redução de direitos. Este ataque, inclusive, faz parte do plano de privatização da estatal, já anunciado pelo general Floriano Peixoto, presidente dos Correios, e por Bolsonaro”, avaliou Geraldinho.
“A mobilização dos trabalhadores dos Correios de SP que ocuparam o Centro Operacional em Indaiatuba deve ser exemplo para outras unidades no país, e ser seguido pelo Sindicato do Rio de Janeiro, filiado à Findect/CTB, parando também o Centro de Operações de Benfica para fortalecer ainda mais essa luta nacional”, defende o dirigente da Fentect e integrante da CSP-Conlutas/RJ Heitor Fernandes.
“O momento é de ampliarmos e fortalecermos ainda mais a greve nacional da categoria. Só a mobilização podem pressionar governo, empresa e o judiciário. Não pode haver recuo enquanto os nossos direitos não estiverem garantidos”, concluiu Geraldinho.
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Fonte: CSPConlutas