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Neoliberalismo precisa cada vez menos de democracia, analisa economista

Leda Paulani, professora da USP, afirma que governo de Bolsonaro vai aprofundar reformas de Temer

Ato neonazista realizado no estado da Georgia, nos EUA, em abril deste ano; naquele país, supremacistas apoiam o presidente Donald Trump / Foto: Spencer Platt / Getty Images North America / AFP
Ato neonazista realizado no estado da Georgia, nos EUA, em abril deste ano; naquele país, supremacistas apoiam o presidente Donald Trump / Foto: Spencer Platt / Getty Images North America / AFP

No Brasil, a ascensão de Jair Bolsonaro, presidente eleito neste domingo (28) com uma plataforma de extrema direita, revela que, cada vez mais, o capitalismo abre mão da democracia em todo o mundo. Esta é a análise que a economista Leda Paulani faz um dia após a vitória do político do PSL.

“As democracias –que foram uma necessidade e funcionaram, aliás, como legitimação do governo neoliberal nos últimos 30 anos– parecem não ser mais necessárias. E, por outro lado, as medidas de cunho liberal precisam ser aprofundadas, dadas as crises que o sistema enfrenta mundialmente”, pontua.

Paulani é professora da Universidade de São Paulo (USP) e concedeu entrevista ao Brasil de Fato nesta segunda-feira (29). Para ela, este é o contexto em que surge Bolsonaro, que derrotou o candidato Fernando Haddad (PT) com 55,13% dos votos válidos.

A economista analisa que o novo governo, de caráter autoritário, vai aprofundar as reformas neoliberais que se iniciaram com o governo golpista de Michel Temer (MDB).

“Bolsonaro entende de arma e ponto. Ele não demonstrou entender de mais nada, nem de educação nem de economia. Claramente essa candidatura não só está abraçada com esse programa neoliberal, e portanto vem com truculência junto, como principalmente é um programa anti nacionalista, porque vai justamente completar esse movimento de entrega das nossas riquezas naturais para o grande capital internacional.”

Um dia após a vitória de Bolsonaro, Paulo Guedes, nome indicado para chefiar a equipe econômica e o Ministério da Fazenda do novo governo, deixou claro que sua prioridade é um projeto de privatizações, mudanças na política externa e defesa de reformas para “controlar os gastos”.

A economista afirma ainda que o novo governo vai de encontro aos interesses internacionais após a descoberta do pré-sal no final da primeira década dos anos 2000. “Há indícios claros de que há todo esse interesse do capital internacional em cima dos nossos recursos, particularmente, da Petrobras e que se agudizou muito com a descoberta do pré-sal”, pontua.

Paulani aponta que um governo formado por militares “é uma possibilidade muito substantiva”, mas diferencia o plano econômico de Bolsonaro do regime militar. “Com relação a economia, apesar de autoritários, os militares eram nacionalistas e desenvolvimentistas. É o oposto da política entreguista que sinaliza Bolsonaro.”

Assista à entrevista na íntegra:

Edição: Diego Sartorato
Fonte: Jornal Brasil de Fato

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