MPT entra com ação contra dono da Havan após denúncias de coação eleitoral
No domingo (30), começou a circular nas redes sociais um vídeo mostrando Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, dizendo que irá “jogar a toalha” caso um candidato de esquerda seja eleito presidente. “Você que sonha em ser líder, gerente e crescer na Havan já imaginou que tudo isso pode acabar no dia 7 de outubro?”, diz Hang. O vídeo aparece emoldurado com a marca de Jair Bolsonaro (PSL) e a frase: “O Brasil que queremos só depende de nós”.
Na terça-feira (2), o Ministério Público do Trabalho (MPT) de Santa Catarina entrou com uma ação contra o empresário. No despacho, o MPT pede pagamento de multa de R$ 1 milhão caso persista a conduta irregular. O caso será analisado pela 7ª Vara do Trabalho de Florianópolis.
A ação foi encaminhada em caráter de urgência, levando em consideração a proximidade das eleições, que têm o primeiro turno no domingo (7). Na segunda-feira (1º), o Ministério já havia se posicionado, por meio de uma nota pública, que é proibida a imposição, coação ou direcionamento nas escolhas políticas dos empregados.
‘Você é responsável por isso’
Segundo o empresário, a rede de lojas realizou pesquisas entre seus colaboradores para saber como eles votarão nas eleições de 2018. “Temos 30% de colaboradores que votarão branco e nulo. […] Olha a responsabilidade que nós temos com esse país. Olha o esforço que eu estou fazendo por este país, gerando cada vez mais empresas e mais empregos…”, afirma. Hang também aponta que não se pode “deixar a oportunidade passar” e que “depois, não adiantará reclamar”.
Em três momentos do vídeo de quase quatro minutos, o empresário se dedica a reforçar a ideia de que o Brasil “não pode virar uma Venezuela”. Para ele, PT, PSOL, PCdoB e PDT representam o “mal” e, se uma das legendas ganhar as eleições, irá repensar sua organização empresarial. “Você já pensou que a Havan pode fechar e demitir os 15 mil colaboradores?”, questiona. “Você é responsável por isso”, completa.
Em suas redes sociais, Hang compartilha diversas mensagens e vídeos apoiando Bolsonaro. Além disso, ele tem se dedicado à publicidade em canais de televisão de Santa Catarina. As inserções comerciais mostram o empresário falando sobre os riscos do comunismo e contam com a figuração de funcionários. Em setembro, ele chegou a ser multado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por contratação irregular de impulsionamento de propaganda eleitoral na internet favorável a Bolsonaro.