Greve Geral de 28 de abril acontece 100 anos após primeira Greve Geral brasileira
A Greve Geral desta sexta-feira, 28 de abril, tem uma referência relevante na história de luta da classe trabalhadora brasileira. Há exatamente 100 anos, em 1917, foi realizada a primeira Greve Geral no Brasil.
Se desta vez paramos o país contra as contrarreformas da Previdência e Trabalhista e contra a terceirização que desregulamenta diversos direitos dos trabalhadores, há cem anos a briga era para obter parte desses mesmos direitos, que em torno de duas décadas depois resultaram na elaboração da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Há cem anos paravam fundamentalmente o comércio, o transporte público, o setor industrial, sendo mais dinâmicos o têxtil e o alimentício, e os servidores públicos.
A maior parte dos trabalhadores era composta por imigrantes italianos e espanhóis. Traziam de seus países a tradição de organização e politização da classe, o que foi determinante para a construção da Greve Geral no Brasil. A paralisação durou 31 dias e os estados mais afetados foram São Paulo e Rio de Janeiro e Rio grande do Sul.
Algumas bandeiras da Greve Geral de 1917
Além do controle de preços de alimentos e dos aluguéis que estava no centro das bandeiras da mobilização, algumas questões se tornaram base na organização do trabalho no País.
Entre elas, o respeito ao direito das associações e sindicatos dos trabalhadores, a liberdade às pessoas detidas por conta da greve; que não houvesse demissão de nenhum operário por participar do movimento grevista, fim da exploração do trabalho de menores de 14 anos, proibição do trabalho noturno para menores de 18 anos, proibição do trabalho noturno para mulheres, jornada de oito horas e semana de trabalho de cinco dias e pagamento de 50% em todo o trabalho extraordinário (horas extras).
Greves Gerais no Brasil
O Brasil não tem tradição de realização de greves gerais. Além da Greve Geral de 1917, houve três outras greves gerais no decorrer na década de 1980. Em 1983, em 1986 e 1989.
A primeira, em 1983, durante a ditadura civil militar, os trabalhadores reivindicaram o fim do arrocho salarial, da especulação financeira e da submissão ao FMI (Fundo Monetário Internacional), além de exigirem mais investimentos públicos. O país estava sob governo do general João Figueiredo.
As duas seguintes foram durante o governo de José Sarney. Em 1986, contra o congelamento de salários e o pagamento da dívida externa e em defesa das empresas estatais. Já em 1989, a Greve Geral foi de 48 horas, em 14 e 15 de março, por congelamento de preços, reposição das perdas salariais e contra a recessão e o desemprego. Esta greve derrubou o plano econômico do governo que impunha alta inflação e enorme arrocho salarial à classe trabalhadora.
Na década de 1990 mais duas. Em 22 e 23 de maio de 1991, a Greve Geral reivindicou reposição mensal da inflação e das perdas salariais. Em 1996, uma nova Greve Geral, em dia 21 de junho, foi contra as privatizações, flexibilização de direitos trabalhistas e desemprego.
Por CSP-Conlutas Fonte: litci.org