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Em acordo para criação de nova empresa, Embraer entrega aviação comercial à Boeing. É preciso impedir!

Depois de vários meses de negociações e suspense, finalmente as fabricantes de aviões Embraer e Boeing anunciaram nesta quinta-feira (5) o acordo para a criação de uma joint venture (empresa conjunta) que vai concentrar todos os negócios de aviação comercial da Embraer.

Em comunicado aos trabalhadores, a Embraer informa que a Boeing deterá 80% de participação na joint venture e a Embraer, os 20% restantes. A transação avalia a nova empresa em 4,75 bilhões de dólares. Pelo acordo, a Boeing pagará US$ 3,8 bilhões.

A Embraer continuaria nos mercados de defesa e segurança, aviação executiva, agrícola, serviços e suporte correlatos. Entretanto, de acordo com o comunicado, será criada outra joint venture para desenvolvimento de novos mercados e aplicações para produtos e serviços de defesa, em especial o KC-390, que é um dos principais projetos de defesa da Embraer dos últimos anos. As empresas não deram detalhes do que seria esse outro negócio.

Sob comando dos EUA

A nova companhia será comandada por uma equipe de executivos que ficará sediada no Brasil, mas respondendo diretamente ao presidente da Boeing, Dennis Muilenburg. O grupo americano terá o “controle operacional e de gestão” da nova empresa.

Quanto às unidades, segundo o comunicado da Embraer, ficarão com a joint venture da aviação comercial as unidades Faria Lima (São José dos Campos), EDE, Taubaté, Évora (Portugal) e Nashville (EUA). As unidades de Gavião Peixoto, Botucatu, Eugênio de Melo (São José dos Campos), OGMA e Melbourne ficam na Embraer. Com relação às demais unidades e escritórios, ainda está sendo definido.

A finalização dos detalhes financeiros e operacionais continuará nos próximos meses. Segundo as empresas, uma vez executados os acordos definitivos da transação, ela será sujeita “a aprovações regulatórias e de acionistas, incluindo a aprovação do governo brasileiro, bem como outras condições habituais pertinentes à conclusão de uma transação deste tipo”.

Caso as aprovações ocorram no tempo previsto, a expectativa é que a transação seja fechada até o final de 2019, ou seja, entre 12 a 18 meses após a execução dos acordos definitivos.

É preciso impedir esse crime lesa-pátria

Essa negociação é um verdadeiro crime lesa-pátria! Na prática, é a entrega completa do principal setor comercial da Embraer para a norte-americana Boeing, que vai ter graves consequências, com a ameaça a milhares de empregos e à soberania do país.

A Embraer, apesar de estar privatizada desde a década de 90, é estratégica para o Brasil, em relação a questões de desenvolvimento tecnológico e da soberania nacional. Mais do que isso, a empresa foi construída com dinheiro e suor dos trabalhadores e do povo brasileiro, sendo até hoje, inclusive, financiada com dinheiro público, por meio do BNDES e outros meios, mesmo depois de privatizada.

 

Só a mobilização dos trabalhadores pode impedir esse brutal ataque, pressionando o governo Temer e o Congresso a barrarem essa negociação e, mais do que isso, lutar pela reestatização da Embraer, sob controle dos trabalhadores.

“Fruto da luta contra a privatização, os trabalhadores garantiram uma ação especial chamada Golden Share, a chamada ação de ouro, que dá poder de veto ao governo federal em questões como a venda da empresa. Agora, é a soberania do país e milhares de empregos que estão em jogo. Portanto, temos de pressionar o governo a exercer esse poder de veto e barrar essa transação”, afirmou o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e região e trabalhador da Embraer, Herbert Claros.

“Esse crime contra o país e os trabalhadores não pode ir adiante. Não vamos aceitar demissão e ataques aos direitos. Exigimos estabilidade no emprego e a reestatização da empresa com controle dos trabalhadores, única forma de fazer com que a Embraer sirva aos interesses nacionais e não a acionistas estrangeiros e agora aos EUA”, disse Herbert.

Para o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, é preciso uma forte mobilização. “Não dá para confiar que Temer e o Congresso sairão em defesa dos interesses nacionais e dos trabalhadores. É preciso muita pressão. Com luta, os trabalhadores podem barrar este ataque, defender empregos e direitos”, defende Mancha. “Os sindicatos de São José, Botucatu e Araraquara iniciaram uma forte campanha contra a venda e agora é hora de unidade de todos para barrar esse crime e defender os trabalhadores”, afirmou.

Não à aquisição da Embraer pela Boeing!
Não às demissões, pela garantia das convenções e dos direitos! Estabilidade no emprego para todos!
Pela reestatização da empresa com controle dos trabalhadores!

 

Fonte: CSP Conlutas

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