CSP-Conlutas publica resolução sobre cenário eleitoral e programa necessário para trabalhadores
A Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, reunida no último final de semana em São Paulo, debateu cenário eleitoral brasileiro e a necessidade de um programa para os trabalhadores. Três posições políticas foram defendidas na mesa: as candidaturas e programa do PSTU, as candidatura e programa do PSOL e o chamado a não participação dos trabalhadores nas eleições.
Ao final da reunião, foi aprovada uma resolução oficial da Central sobre as eleições:
Sobre as eleições 2018, a CSP-Conlutas resolve:
Frente ao processo eleitoral desse ano, respeitando a autonomia das organizações e movimentos filiados, a Central deve intervir junto aos trabalhadores de suas bases na defesa de suas resoluções e plataforma de reivindicações. Assim essa Coordenação Nacional indica aos trabalhadores e aos movimentos sociais a rejeição veemente dos candidatos do campo burguês tradicional (como Alckmin, Meireles, Marina, Álvaro Dias, Ciro Gomes, Amoedo, entre outros) e seus aliados.
Repudiamos, com todas as nossas forças, as candidaturas de tipo ultradireita, como a de Bolsonaro que, além de ser uma candidatura burguesa é, assumidamente, um machista, racista, homofóbico e defensor da Ditadura Militar. Também não apoiamos candidaturas fundamentalistas como a do Cabo Daciolo, por exemplo.
Além disso, rejeitamos as candidaturas de Lula/Haddad/Manuela por expressarem um projeto de conciliação de classes que já governou nosso país, por mais de uma década, praticando proteção ao lucro de bancos e grandes empresas, atacando e retirando direitos de nossa classe, além de seus partidos acabarem mergulhados no mar na lama da corrupção.
Nossa Central reafirma a compreensão de que a saída para que nossa classe seja livre e vitoriosa não passa por dentro desse sistema e desse regime e sim pela construção e conquista de uma sociedade justa e igualitária, governada pelos trabalhadores, uma sociedade socialista.
A CSP-Conlutas, identificando o aprofundamento da crise capitalista e o volume de ataques desferidos aos nossos direitos trabalhistas, políticos e sociais, seguirá defendendo a necessidade de efetivação de um programa classista em nosso país, que seja capaz de enfrentar a crise e os ataques dos governos e dos patrões.
Nossa tarefa, portanto, consiste em construirmos uma frente de ação permanente na busca do poder para os trabalhadores e o povo pobre, oprimido e explorado, tendo em vista que a principal contradição da realidade brasileira opõe os interesses da ampla maioria do povo àqueles que representam o capital internacional, os grandes monopólios e o latifúndio.
Sustentamos que a necessária revolução brasileira será obra da classe operária, juntamente com milhões de sujeitos de nossa classe como negros e negras e o povo pobre da periferia, os camponeses, o povo indígena e quilombola, jovens, aposentados ou mesmo pequenos proprietários que, individualmente, possuem as mais variadas condições de sofrimento e até pensamentos e crenças, mas que em ação se juntarão para pôr fim ao capitalismo.
A tarefa central colocada na ordem do dia, então, diferente de apostar nesse processo eleitoral viciado, passa pela construção de uma aliança da classe trabalhadora com todos os explorados e que unifique politicamente toda a base social que se choca de forma antagônica com o domínio do grande capital e suas expressões políticas.
A construção dessa ação coletiva terá que se desenvolver com o objetivo de conquistar o poder político para nossa classe e colocá-lo a serviço desta ampla maioria da qual ela será a expressão. Por isso é preciso, colocando nossa Central na cabeça desse processo, insistir no debate sobre esta necessidade inadiável de nos unificarmos com os setores do movimento sindical, das organizações da juventude, dos movimentos de luta pela terra, dos que lutam por território e moradia, movimentos de combate às opressões até os pequenos proprietários em processo de empobrecimento. Assim poderemos alcançar a vitória decisiva.
Essas nossas posições e programa, de ruptura frontal e imediata com o capitalismo, devemos apresentar aos candidatos que se reivindicam a esquerda do PT (como Vera e Boulos), bem como às organizações de nossa classe, chamando-os a assumi-las.
Nosso programa:
– Defesa do socialismo contra a exploração e a degradação da sociedade capitalista;
– Suspensão imediata do pagamento da dívida pública (externa e interna);
– Redução e congelamento dos preços dos alimentos, combustíveis, gás de cozinha, alugueis e tarifas públicas;
– Contra toda forma de privatização e terceirização com reestatização de todas estatais vendidas ao capital internacional ou nacional;
– Estatização do Sistema financeiro e do latifúndio sem indenização ao capital;
– Estabilidade no emprego para todos hoje empregados, extensão do seguro desemprego e redução da jornada de trabalho para 36h semanais sem redução de salário e plano de obras públicas voltado as necessidades sociais de construção de moradia, hospitais e escolas;
– Aumento geral dos salários e igualdade de remuneração e condições de trabalho entre homens e mulheres;
– Efetivação imediata de um plano geral de obras públicas, com contratação direta pelas estatais, para construção de obras de infraestrutura, saneamento, habitação, escolas, creches e hospitais;
– Imediata legalização e descriminalização do aborto e criminalização de toda forma de discriminação machista, lgbtfóbico, racista, xenofóbico, étnico ou religioso;
– Demarcação das terras indígenas e quilombolas e imediata reparação aos povos negros e originários;
– Reforma agrária, demarcação e titulação, sem indenização ao latifúndio ou agronegócio. Revogação imediata da Lei da grilagem (Lei nº 13.465/2017);
– Fim dos despejos! Desapropriação das terras urbanas ociosas para construção de moradia popular e regularização de todas as ocupações irregulares onde vive o povo pobre e trabalhador, com obras para construção de melhorias de infraestrutura, saneamento, energia, etc.
– Revogação imediata da Reforma Trabalhista, da lei das terceirizações, das reformas previdenciárias já ocorridas, da PEC (Projeto de Emenda Constitucional) do teto dos gastos, bem como garantia de que não se realizará nenhuma reforma que se tire direito dos trabalhadores;
– Efetiva valorização dos serviços e servidores públicos, em todas as esferas de poder e governo; Realização imediata de concursos públicos e efetivação de todos os terceirizados, também em todas as esferas de poder e governo;
– Fim da criminalização das lutas e ativistas, punição aos assassinos e mandantes das mortes dos lutadores do campo e da cidade. Revogação imediata da “Lei Anti-terrorismo”; Fim da PM;
– Prisão e confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores.
Abaixo, matéria com cobertura da mesa que debateu o tema:
Coordenação Nacional debate cenário eleitoral e programa necessário para os trabalhadores
Fonte: CSP Conlutas