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Preços dos alimentos disparam e, na cara de pau, Bolsonaro e Mourão culpam povo pobre!

Poderia ser cômico, se não fosse trágico e de causar revolta. O vice-presidente Hamilton Mourão declarou nesta quarta-feira (9) que a alta absurda nos preços dos alimentos da cesta básica teria a ver com o auxílio emergencial pago pelo governo Bolsonaro.

“É a lei da oferta e da procura”, disse o militar. “Uma porção de gente está comprando porque o dinheiro que o governo injetou na economia foi muito acima do que as pessoas estavam acostumadas, tanto que está havendo grande compra de alimentos e de material de construção”, afirmou.

Na semana passada, Bolsonaro fez declaração semelhante e pediu “patriotismo” aos donos de supermercados. “Veio o auxílio emergencial, o pessoal começou a gastar um pouco mais, muito papel na praça, a inflação vem. Então estou conversando para ver se os produtos da cesta básica aí… Estou pedindo um sacrifício, patriotismo para os grandes donos de supermercados para manter na menor margem de lucro”, disse durante uma visita em Eldorado Paulista (SP).

Ganância capitalista

Não. A disparada no preço dos alimentos da cesta básica não tem a ver com os R$ 600 do auxilio emergencial. Ao contrário das declarações cínicas e absurdas de Bolsonaro e Mourão, economistas demonstram que esta situação tem a ver com a política do governo submissa aos interesses dos países imperialistas e com a ganância dos capitalistas que, se aproveitando da alta do dólar e da situação do mercado mundial, preferem exportar, e até mesmo estocar, produtos em vez de abastecer o mercado interno e subir os preços para aumentar seus lucros.

Itens essenciais na alimentação do brasileiro, como arroz, feijão, leite e óleo de soja, tiveram aumentos violentos no último ano, levando ao encarecimento de mais de 20% no valor da cesta básica, penalizando, portanto, os mais pobres.

Atualmente, o maior vilão do orçamento é o arroz. Um pacote de 5kg, normalmente vendido a cerca de R$ 15, chega a custar R$ 40. Outros itens que lideram a inflação sobre os alimentos são o feijão (48%), óleo de soja (23%) e o leite (19%). Todos registram aumentos muito maiores do que a inflação geral medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que, atualmente, marca alta de 2,44%, nos últimos 12 meses.

Enquanto isso, o agronegócio é um dos setores que tem lucrado em meio à pandemia. Segundo o IBGE, o setor teve um ganho de 1,9% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. As vendas externas tiveram um crescimento de 17,5% nos primeiros quatro meses de 2020.

Desemprego e redução do auxílio emergencial

Como tem denunciado a CSP-Conlutas, há uma meia dúzia de ricos capitalistas enriquecendo em meio à pandemia, enquanto trabalhadores e trabalhadoras padecemos com o desemprego, morrendo de Covid e dependendo de auxílios assistenciais.

O quadro de carestia vem agravar a crise econômica e social no país e afeta a nós que vivemos do trabalho. Afinal, os preços sobem em meio a um desemprego crescente, que atinge cerca de 13 milhões de trabalhadores, e no momento em que o governo Bolsonaro acaba reduzir o valor do auxílio emergencial de R$ 600 para R$ 300, com pagamento até dezembro apenas.

Depois disso, estuda criar um novo benefício chamado “Renda Brasil” para substituir o Bolsa Família, com valor ainda menor e que vai atender apenas 20 milhões das 65 milhões de pessoas que hoje dependem do auxilio emergencial.

“A grave crise social no país tem a ver com o desemprego, a informalidade e precarização das condições de trabalho que estão empurrando a nossa classe trabalhadora para uma pobreza e miséria cada vez maiores. Situação que é fruto da política econômica aplicada por Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes, assim como fizeram os governos antecessores. É isso que fazem os que defendem e gerenciam o capitalismo. Eles nos impõem reformas a toda hora para retirar direitos e nos penalizar, enquanto garantem os lucros dos grandes empresários, banqueiros e ruralistas”.

Enquanto não tiver vacina e garantia de emprego, o auxílio emergencial não pode acabar, salienta o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes. “Cabe a nós, da classe trabalhadora, lutarmos por nossas vidas, pelo direito a comer, a ter empregos, direitos, enfim, por condições dignas de vida”, disse.

“As centrais sindicais, sindicatos e movimentos sociais precisamos organizar a classe para lutar e derrotar os planos genocidas e ultraliberais que o governo Bolsonaro e os grandes empresários, com o aval do Congresso Nacional, dos governadores e prefeitos seguem nos impondo. A corajosa greve dos trabalhadores dos Correios mostra o caminho. Precisamos ampliar e unificar as mobilizações contra as privatizações, para exigir a redução e o congelamento dos preços dos alimentos, dos combustíveis e do gás de cozinha, bem como estabilidade no emprego e um plano emergencial para construção de obras públicas e geração de empregos, afinal, ninguém quer viver de auxílio ou seguro para sempre”, defendeu.

Fonte: CSPConlutas

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