Governo Bolsonaro corre para aprovar MP 905, sua brutal reforma trabalhista, antes de 20 de abril
A Comissão Mista, formada por deputados e senadores, que analisa a MP 905 – Contrato de Trabalho Verde e Amarelo, programou para esta quarta-feira (4) a votação do relatório do deputado Christino Áureo (PP-RJ). Com a aprovação do texto, a MP seguirá para o plenário da Câmara e, posteriormente, para o Senado e sanção presidencial.
A medida provisória perde validade no dia 20 de abril e, por isso, o governo Bolsonaro corre para aprová-la o quanto antes.
O texto é uma nova e ainda mais dura Reforma Trabalhista e altera novamente a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) em mais de 100 pontos, trazendo brutais ataques aos trabalhadores.
Em sua tática permanente de usar Fake News, Bolsonaro e Paulo Guedes alegam que a MP irá gerar empregos para jovens de 18 a 29 anos. Mentira.
A MP, na prática, garante isenção de impostos às empresas à custa de redução brutal dos direitos trabalhistas, sem contar que em sua maioria propõe alterações em outros pontos da CLT que nada tem a ver com a criação de vagas.
A lista de ataques, reduções e retirada de direitos na MP é extensa. Enquanto a medida desonera a folha de pagamento das empresa, traz medidas como a liberação total do trabalho nos domingos e feriados sem pagamento de hora extra; a redução do adicional de periculosidade; a redução do depósito do FGTS de 8% para 2% e da multa rescisória de 40% para 20%; limita o salário para jovens contratados pela Carteira Verde Amarela em um salário mínimo e meio; permite o parcelamento do 13° salário e a gratificação das férias; entre diversos outras alterações prejudiciais. Saiba mais aqui: Tudo sobre a MP 905
O relatório apresentado no dia 21 de fevereiro amplia ainda mais os ataques de determinados pontos da MP. O texto original recebeu 1.930 emendas, mas a maioria foi rejeitada.
A proposta do relator estende a permissão deste tipo de contratação para pessoas com 55 anos ou mais de idade que não tenham tido vínculo formal de emprego há mais de 12 meses. Em outra mudança, exclui do conceito de primeiro emprego o vínculo formal de emprego anterior com até 180 dias de duração (artigo1ºda MP), ampliando assim o alcance do número de jovens na Carteira Verde e Amarela.
O relator acrescentou também o segmento rural, pois autoriza a contratação do trabalhador do campo nessa modalidade, exceto no contrato de safra. Além disso, eleva de 20% para 25% o percentual máximo de empregados que a empresa pode contratar na modalidade CTVA e permite que haja mais de uma contratação consecutiva pelo modelo.
Em Nota Técnica, o Dieese afirma: “A solução proposta não enfrenta o problema da oferta de mão de obra, os custos serão maiores do que outras alternativas possíveis e o financiamento recairá sobre desempregados e a Previdência Social”.
“Se o Estado está disposto a investir tantos bilhões nos jovens, o que é meritório, por que não destinar tais recursos à permanência da juventude nos bancos escolares e no ensino profissionalizante? Os interesses econômicos imediatos dos empresários não deveriam estar à frente de objetivos realmente alinhados com os desafios do futuro”, afirma ainda o instituto de pesquisa.
O Dieese ressaltou ainda que a reforma trabalhista de Michel Temer, após três anos de vigência, não surtiu os efeitos positivos que foram alardeados na época em que ela foi aprovada, em 2017. “Ao contrário, o alto desemprego, a enorme subutilização, o gritante desalento e a relutante estagnação dos salários abonam a previsão de que o enfraquecimento da proteção ao trabalho não geraria empregos, nem melhorias das condições de vida da maioria da população”, conclui o Dieese.
Confira aqui a íntegra da nota técnica.
A CSP-Conlutas está nas mobilizações para que esta MP seja revogada. No último dia 18, o integrante da SEN Paulo Barela participou de audiência pública no Senado e defendeu o fim desta MP. Confira aqui:
“Esta MP 905 é mais um gravíssimo ataque aos trabalhadores, que irá agravar o desemprego e as condições precários de trabalho no país. É preciso impulsionarmos e fortalecermos o Dia Nacional de Lutas, Protestos e Paralisações marcado para o próximo dia 18 de março, rumo à construção de uma nova Greve Geral. Só com lutas e os trabalhadores nas ruas, podemos dar um basta neste governo de ultradireita e ultraliberal e todos os seus ataques”, afirmou o integrante da SEN Luiz Carlos Prates, o Mancha.
Fonte: mundosindical.com.br